Dieta Cetogênica: Uma Alternativa Promissora para Transtornos Psiquiátricos
Introdução
Um novo estudo liderado por pesquisadores da Stanford Medicine, nos Estados Unidos, revelou que a dieta cetogênica pode trazer benefícios significativos para pessoas com condições psiquiátricas, como esquizofrenia e transtorno bipolar. Segundo o estudo, essa dieta não apenas melhora a saúde metabólica desses pacientes, mas também pode ajudar a aliviar sintomas psiquiátricos.
Resultados da Pesquisa
Os resultados foram publicados na revista científica Psychiatry Research no final de março. Os pesquisadores destacaram que os tratamentos padrões para essas condições, geralmente com medicamentos antipsicóticos, podem causar efeitos colaterais metabólicos, como resistência à insulina e obesidade. Assim, uma intervenção dietética como a dieta cetogênica poderia ser uma alternativa eficaz.
Como Funciona a Dieta Cetogênica?
A dieta cetogênica é caracterizada por um baixo consumo de carboidratos e alto teor de gorduras, estimulando um processo metabólico chamado cetose. Nesse estado, o organismo usa corpos cetônicos, produzidos a partir da gordura, como principal fonte de energia, em vez da glicose. Esse processo pode melhorar a saúde metabólica e, potencialmente, a saúde mental dos pacientes.
Origem do Estudo
A ideia de investigar os efeitos da dieta cetogênica em doenças psiquiátricas surgiu da experiência de Shebani Sethi, professora associada de Psiquiatria e Ciências Comportamentais na Stanford Medicine. Durante um trabalho em uma clínica de obesidade, Sethi observou que um paciente com esquizofrenia resistente ao tratamento tradicional apresentou melhora nas alucinações auditivas ao adotar a dieta cetogênica. Isso a levou a explorar a literatura médica, onde encontrou evidências de sucesso da dieta no tratamento de crises epilépticas.
Metodologia do Estudo
No novo estudo, a equipe de Sethi acompanhou 21 adultos diagnosticados com esquizofrenia ou transtorno bipolar, todos em uso de medicamentos antipsicóticos e com algum distúrbio metabólico. Os participantes foram orientados a seguir uma dieta cetogênica, com aproximadamente 10% das calorias provenientes de carboidratos, 30% de proteínas e 60% de gorduras. Eles também receberam livros de receitas cetônicas e acompanhamento de um profissional de saúde.
Os níveis de cetonas no sangue dos participantes foram medidos semanalmente para garantir a adesão à dieta. No final do estudo, 14 pacientes seguiram totalmente a dieta, seis aderiram parcialmente e apenas um não manteve a alimentação cetogênica. Além disso, os participantes passaram por várias avaliações psiquiátricas e metabólicas ao longo do estudo.
Resultados Metabólicos
Antes do estudo, 29% dos participantes apresentavam síndrome metabólica. Após quatro meses de dieta cetogênica, nenhum dos participantes mantinha essa condição. Em média, os participantes perderam 10% do peso corporal, reduziram a circunferência da cintura em 11% e apresentaram melhorias significativas na pressão arterial, índice de massa corporal, triglicerídeos, níveis de açúcar no sangue e resistência à insulina.
Benefícios Psiquiátricos
O estudo também destacou benefícios psiquiátricos. Em média, os sintomas psiquiátricos dos participantes melhoraram 31%, com três quartos do grupo mostrando melhorias clinicamente significativas, como melhora do sono e maior satisfação com a vida. Segundo Sethi, “os participantes relataram melhorias na energia, no sono, no humor e na qualidade de vida”.
Mecanismo de Ação
Os pesquisadores acreditam que a dieta cetogênica pode melhorar o metabolismo cerebral da mesma forma que melhora o metabolismo corporal. As doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar, podem causar déficits metabólicos no cérebro, afetando a excitabilidade dos neurônios. A dieta cetogênica, ao fornecer cetonas como combustível alternativo, pode ajudar a mitigar esses déficits.
Conclusão e Perspectivas Futuras
Os resultados deste estudo são promissores e indicam que a dieta cetogênica pode ser uma ferramenta eficaz no tratamento de transtornos psiquiátricos. Os pesquisadores esperam que esses achados incentivem estudos maiores e mais robustos para explorar como a alimentação pode auxiliar no tratamento dessas doenças.
